Assinado: você mesma.

Eu nasci com certo medo de incomodar, depois de um tempo comecei a ser eu mesma pra saber se o medo tinha fundamento. Não sou alvoroçada, barulhenta, sou alegre e gargalho, rio de mim mesma. Isso vai dando uma coragem na gente de ter mais luz. E aí a tal beleza exótica que sempre me disseram que eu tinha passou a ser um elogio. Antes eu ouvia isso como uma forma que a pessoa tinha de me dizer que não estava certa se eu era bonita ou feia, mas nasci velha, angustiada com questões tão mais abstratas que nem tive muito tempo de criar complexo, investi tudo em amplexos.

É estranho, mas entendo dores que nunca tive. E tive dores que ninguém teve, mas nunca banalizei nenhuma. Porque parece que tudo dói de um jeito parecido e aprendi a cuidar do Outro de uma maneira que não me souberam. E aprendi a cuidar de mim de um jeito que eu não sabia.

Tive poucos relacionamentos sólidos, porque eu sofria demais com a ideia do abandono. Pelo menos, amizade seria eterna e duradoura, eu pensava. É porque abandono tem o acostamento largo, além de ser estrada deserta e escura. Depois eu descobri que o bom dos relacionamentos é que eles sejam fluidos e não sólidos.

Sou robusta emocionalmente. Tenho a mão pesada, mas o corpo macio pro afeto. Tenho doçura sem ser meiga. O meu colo é largo, e a minha amorosidade é maciça. E o meu nome se parece muito com meu jeito...

Ontem, por ter ficado até mais tarde que o normal acordada, escrevi bilhetes amorosos para as pessoas que tenho mais afinidade. O meu, foi o principal: “Fernanda, você é a pessoa mais importante para você mesma. Isto é uma felicidade! Assinado: você mesma.”